Macrobiótica – o que é e quais os seus benefícios

“A Macrobiótica não é exclusivamente uma dieta, um regime, mas sim um estilo de vida que tem como objectivo último ajudar-nos a desenvolver o nosso potencial humano, ao seguirmos as leis da natureza dum ponto de vista biológico (através da alimentação), ecológico (fazendo escolhas diárias que contribuem para uma melhor qualidade de vida ambiental), social e espiritual (tratando os outros com amor e compaixão e assumindo a nossa responsabilidade como um pequeno elo numa vasta cadeia de seres e fenómenos).”
Francisco Varatojo (1960-2017)

O termo macrobiótica vem do grego: macro significa grande e bio significa vida – Grande Vida. É uma filosofia que permite aprender a viver dentro da ordem natural da vida, dentro da constante natureza mutável em todas as coisas.

A macrobiótica, tal como é conhecida hoje, resulta do incansável trabalho e visão de George Ohsawa (1893-1966).
Ohsawa desenvolveu tuberculose aos 15 anos de idade. Quando tinha 18 anos, a sua mãe, irmão mais novo e irmã mais nova morreram dessa mesma doença. A sua própria doença progredira ao ponto de os médicos terem desistido de ter esperança em relação a ele. Determinado a superar sua condição, Ohsawa começou a pesquisar abordagens alternativas na área da saúde. E assim encontrou a macrobiótica. Baseou-se na teoria de Sagen Ishizuka (1850-1910) de equilibrar sais minerais, a sequência primitiva dos I-Ching, yin e yang, e outros conceitos orientais antigos. Com isto viveu até os 73 anos, dedicando a sua vida a ensinar a teoria macrobiótica e a escrever sobre ciência, ética, religião e filosofia, sempre de um ponto de vista macrobiótico.

O que é a Macrobiótica?

A macrobiótica é uma forma de estar na vida que procura o equilíbrio e a harmonia. E como se consegue isso? Através de uma mudança alimentar, exercícios físicos suaves e mudanças comportamentais. Tudo isto orientado para um objectivo: viver de um modo tranquilo e natural. Ainda que não existam evidências científicas, a verdade é que inúmeras pessoas encontram saúde e bem-estar quando seguem estes princípios.

Algumas pessoas seguem uma alimentação macrobiótica tendo em vista a sua saúde. Outras experimenta-na apenas quando a doença surge, doenças cardíacas, obesidade ou síndrome pré-menstrual são alguns exemplos, na esperança de que esta alimentação alivie os sintomas e ajude na recuperação.

O principal foco da alimentação macrobiótica são os alimentos naturais e orgânicos, locais e da época. Também defende a eliminação completa de alimentos processados e ingredientes artificiais. Esta regra de não utilização de produtos com químicos pode estender-se aos artigos de higiene pessoal, bem como a outros produtos utilizados em casa.

Os tipos de alimentos permitidos variam ligeiramente, dependendo de cada pessoa. Portanto, são vários os factores determinam o que cada um deve comer, a saber:

• problemas de saúde existentes;
• género;
• idade;
• localização geográfica.

A adopção da alimentação macrobiótica e a consciência dos seus princípios básicos ajudá-lo-ão a entrar em contacto com um modo de vida mais espiritual, onde se dá especial importância à saúde e à felicidade. Assim, ao usar os princípios alimentares macrobióticos, mantendo-se longe de certos alimentos, e seguindo a dieta macrobiótica padrão pode melhorar o seu bem-estar físico geral.

Um estilo de vida macrobiótico é muito mais que alimentação e escolhas alimentares saudáveis. Trata-se, isso sim, de um modo de vida abrangente. Estes princípios da vida macrobiótica representam uma direcção através do caminho pelo qual descobrimos a verdade – são a nossa bússola pessoal para a autodescoberta.

Princípios universais da vida macrobiótica:

• Princípio dos Opostos: Tudo existe em oposição.
• Princípio da Mudança: Tudo muda.
• Princípio dos Ciclos: Todos os começos têm fins.
• Princípio da Não-Identidade: Nada é idêntico.
• Princípio de Frente e Verso: Cada frente tem um verso.

A alimentação macrobiótica

Na alimentação macrobiótica consome-se, sobretudo, cereais integrais, legumes, algas, produtos de soja fermentados e frutas, tendo sempre atenção ao princípio chinês de equilíbrio, yin e yang. Convém aqui esclarecer que os alimentos com qualidades yin são considerados expansivos, leves e frios, enquanto os alimentos yang são considerados compactos, pesados e quentes.

Que alimentos devem ser consumidos?

Diariamente devem ser consumidos alguns alimentos, da seguinte forma:

• cerca de 50% de cereais integrais, preferencialmente em grão: arroz, cevada, millet, trigo, trigo sarraceno, aveia, cuscuz, bulgur, entre outros;
• cerca de 35% de vegetais, cozinhados de maneiras diferentes (alguns bem cozinhados, outros levemente cozinhados ou crus): cenoura, abóbora, cebola, brócolos, couve, nabo, cogumelos, entre outros;
• cerca de 15% de leguminosas ou derivados: grão de bico, feijões, lentilhas, ou tofu, tempeh, seitan, entre outros.

O resto da ingestão diária de alimentos pode incluir:

• pickles (caseiros, claro!);
• produtos de soja, como miso;
• vegetais marinhos, como algas marinhas (wakame, kombu, aramé, hiziki, etc.);
• óleo vegetal
• especiarias naturais, como o sal marinho naturalmente processado.

A sopa, composta pelos seguintes ingredientes, também pode ser um alimento básico diário:

• legumes,
• lentilhas,
• algas marinhas,
• sal marinho,
• produtos de soja, como tofu e miso.

Que alimentos devem ser limitados ou evitados?

Alguns alimentos podem ser consumidos ocasionalmente, ou algumas vezes por semana:

• frutas e bagas de árvores orgânicas,
• sementes,
• nozes,
• pepinos,
• aipo,
• alface.

Os seguintes alimentos devem ser comidos raramente:

• peixe,
• frutos do mar,
• ovos,
• aves de capoeira.

Os alimentos a serem eliminados incluem:

• carne;
• lacticínios;
• certos vegetais, incluindo batatas, pimentos e tomates;
• bebidas com cafeína;
• bebidas alcoólicas;
• alimentos processados, como pão branco, bolos e biscoitos de pastelaria;
• qualquer alimento com ingredientes artificiais;
• refrigerantes;
• açúcar e produtos que contenham açúcar ou xarope de milho;
• melaço;
• baunilha;
• frutas tropicais;
• comida quente e picante.

Para além disso, deve:

• comer de forma focada e lenta, sem distracções, como a televisão;
• só comer alimentos para satisfazer a fome;
• mastigar bem, até que esteja quase liquefeito.

Como iniciar uma alimentação macrobiótica

Antes de começar uma dieta macrobiótica, o melhor é pesquisar e informa-se bastante sobre a questão. Pode também fazer um curso de culinária macrobiótica para ficar a conhecer tudo o que importa.

Tenha sempre em conta que talvez seja necessário fazer algumas mudanças na sua cozinha, incluindo no seu frigorífico.

Não se esqueça também que a culinária macrobiótica é uma experiência tranquila e calmante. Por isso, a maneira como os alimentos são cozinhados e preparados e os tipos de utensílios de cozinha utilizados são importantes. Cozinhar em fornos de microondas ou eléctricos geralmente não é recomendado.

Normalmente, envolve o uso de:

• madeira natural não tratada,
• aço inoxidável,
• vasos, panelas e utensílios de cozinha de cerâmica.

Deve eliminar os plásticos da cozinha e substituí-los por vidro ou aço inoxidável.

Benefícios da alimentação macrobiótica

Ajuda a reduzir a inflamação,
Ajuda a melhorar a saúde cardíaca,
Ajudar a manter um peso e uma relação com a alimentação saudáveis,
É baixa em açúcar, glúten e alimentos processados,
Ajuda a prevenir o cancro.

Princípios Macrobióticos de Consciência

Ao tornar-se mais consciente e desenvolver uma melhor compreensão dos seus sentimentos, tem uma boa oportunidade de mudar a sua vida e transformá-la em algo mais significativo.

Para desenvolver uma filosofia pessoal que leva a uma vida mais criativa e gratificante, aplique os seguintes princípios de consciência:

• Desenvolva um espírito generoso;

• Abrace a responsabilidade e admita falhas;

• Descubra a vida através da experiência pessoal;

• Desenvolva a sua intuição;

• Faça amigos em todos os lugares;

• Respeite os seus avós;

• Esteja atento à ecologia;

• Descubra o humor;
  
• Descubra a alegria;
• Pratique a auto-reflexão;

• Aperfeiçoe a arte de viver.